quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

*ORIGINALIDADE



ORIGINALIDADE

Eliane Arruda

Com relação a essa grande qualidade de um escritor ( a de ser original), se você for ao dicionário, irá encontrar: inédito, novo, que foi feito pela primeira vez, sem ser copiado de nenhum modelo. Que tem caráter próprio; não procura imitar nem seguir ninguém... É isso o que está faltando em muitos escribas, e hoje nada ou quase nada se vê novo, original.


Você lê um livro atrás do outro, vai a lançamento atrás de lançamento, mas, na realidade, pouco se empolga, já que a maior parte do conteúdo e até da própria linguagem já foi vista em outras leituras, chega-se a perceber um autor imitando o outro, traindo a sua própria identidade. Consideramos que falta atualidade, também, nas palavras e nas comparações



Muitos primam pela escrita de frases, ou expressões feitas, como: “Fazer isso ou aquilo, não é tarefa fácil”, “Cabe lembrar ainda...” ... “vagar à calada da noite...” Comeu o pão que o diabo amassou”. “As nuvens são um alvo tapete”. “Criar raízes”... Já outros copiando os trechos bonitos que outros escreveram, sobretudo os clássicos, “priscas eras”, “olhos oblíquos”, “luz tênue da tarde”, “esvoaçar de alguma ave noturna”, “domar o rumor da procela”, sem o uso das aspas, talvez pensando: “Ah, quem vai ler é analfabeto, lá sabe que isso é de outro autor! Pensará que é meu mesmo”! 


O certo é que já vimos frases, expressões de autores usadas por outros; quer na produção escrita ou na oratória, e podemos usar, mas citando o autor. No início. geralmente, o candidato a escritor apega-se a um modelo. Havia um famoso cronista aqui (já falecido) cujos textos lembravam muito os de Jorge amado Outra vi, tentando imitar Saramago. No começo, é aceitável, mas depois se faz necessário que cada um conquiste o seu próprio estilo e ritmo, sem apropriar-se, constantemente, das frases e expressões dos outros autores.
A respeito das figuras de linguagem, quantas não vemos já tendo sido entrançadas por escritores mais antigos. Não quer dizer que várias pessoas não possam ter as mesmas idéias: há sentimentos e pensamentos universais. Todavia as mesmas palavras... É tudo muito estranho!


Na nossa opinião, achar um autor parecido com outro, trata-se mais de um insulto que elogio, pois cada qual deve ter a sua própria identidade, a sua forma de se expressar, de criar, de entrançar a beleza ou a esquisitice da palavra. Na formação dos alunos que lidam com produção escrita, quer do ensino básico ou universitário, o professor deveria combater a imitação e orientar o aluno a chegar ao porto da originalidade, navegando nas ondas dos próprios pensamentos, dando, com a sua própria alma, vida às palavras.
O que vemos, no entanto? Pessoas que se intitulam LETRADAS e, às vezes, aplaudidas mesmo, com as palavras de outrem na sua produção. Se vivêssemos em um país como a França, esses copistas ou golpistas, logo, logo, estariam condenados ao degredo!

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